O enterro da mãe de Perez fora numa tarde calma. Ventava um pouco e o sol escondia-se por entre as nuvens. Ana esteve ao seu lado o tempo todo, enquanto ele recebia as condolências dos amigos e conhecidos da falecida mãe. Prado ficara junto de Graziela, acompanhando de longe. Evitou cair no lugar comum e repetir clichês ditos nesses momentos delicados. Conhecia Perez há pouco tempo, mas era esperto, sacava rápido as pessoas e sabia que tudo que o sócio desejava era permanecer sozinho com sua perda. Por isso mesmo, nem se despediu quando o enterro acabou. Apenas entrou no carro junto com Grazi e foi para seu apartamento. Afinal, no dia seguinte o seu novo empreendimento finalmente entraria em vigor. Sabia que talvez não pudesse contar com Perez. Ele já havia sumido na noite anterior, durante a virada do ano, logo depois de sua mãe ter sido levada para o necrotério. Claro que a morte da velha senhora havia estragado os planos festivos de todos eles, mas não podia reclamar. Sabia o quanto o sócio era apegado à mãe e o quanto isso podia influenciar também nos negócios. O jeito seria tocar sozinho até que ele decidisse aparecer.
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Para espanto de Prado, logo no dia 2, o dia da reinauguração da loja, agora melhorada, lá estava Perez. Um pouco sisudo, é verdade, mas esse era mesmo o seu normal. Agia como se a morte da mãe tivesse ocorrido há tempos ou, talvez, nem tivesse ocorrido. Prado fingiu não se importar e começaram a trabalhar. Júlia, a funcionária nova, já havia chegado e Rogério estava dando-lhe alguns toques sobre a loja. A garota acompanhava atentamente e Prado ficou observando-a por uns momentos. Mais especificamente seus seios.
- Olha o assédio... - brincou Perez, passando por ele e dirigindo-se ao fundo da loja, para que pudesse subir à oficina.
- ...Ow... - retrucou Prado - Que é isso, só tô prestando atenção nas instruções do Rogério, pra ver se ele explica tudo certinho... - riu.
Enfim, Perez parecia ter se recuperado bem e rápido da morte da mãe. O que para Prado era ótimo, pois, podia entender de gerência e contas bancárias, mas não sabia muita coisa de informática. Sendo assim, ficou feliz que o sócio voltasse aos trilhos para que o novo negócio fosse bem.
Com esses pensamentos passando pela cabeça, aproximou-se de Júlia e Rogério, que aguardavam os primeiros clientes.
- E aí, Júlia, Rogério, tudo bem? - perguntou Prado, tentando se enturmar.
- Tudo bem. - responderam os dois, quase em coro.
Prado notou que ambos ficavam um pouco constrangidos na sua presença, principalmente a garota, talvez por se tratar do primeiro dia de trabalho dela. E como ainda não eram nem nove horas da manhã, Prado achou melhor deixar os dois se acostumarem um com o outro e ela com o novo emprego e voltar mais tarde, depois de cuidar de alguns assuntos, que incluía uma nova vaga de emprego, a de gerente do bar onde Graziela trabalhava. Não era bem o que ele estava procurando, mas seria melhor do que continuar desempregado.
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A entrevista de emprego fora melhor do que Prado esperava. O salário era ridículo se comparado com seu salário anterior, mas o dono do bar e amigo de Graziela ficara tão interessado que talvez logo ele pudesse propor umas mudanças e melhorias. Quem sabe uma sociedade?
Sonhando alto, Prado parou em frente à sua loja. Estava na hora do almoço. Passou pela porta de vidro e a cara de tédio dos funcionários não era nada animadora.
- Dia devagar? - perguntou.
- É, primeiro dia é meio assim mesmo, até os clientes saberem que já voltamos à ativa. - respondeu Rogério.
- Bom, tá na hora do almoço, quem tá com fome? - os dois ficaram um tanto quanto constrangidos em responder, mas Prado continuou - Vamos lá, eu pago o almoço.
- Bom, vai você então Júlia, depois eu vou... - disse Rogério, sendo gentil.
- Não, o que é isso, vamos todo mundo.
- Mas a loja não fecha no almoço. - retrucou.
- Eu sei. O Perez tá aí?
- Tá lá no fundo.
- Então espera.
Passou pelo balcão, atravessou a lan house por entre os computadores desertos e subiu pela escada. Antes de chegar ao topo, ouviu Perez ao celular: "Tá ótimo, essa noite. No Fashion Frame. Mas você tem certeza mesmo? Então tá, depois das 11... até". Prado sabia que era deselegante ouvir a conversa alheia, mas o tom sério e de preocupação de Perez era muito suspeito. O que poderia ele estar marcando no Fashion Frame para essa noite?
Terminou a subida e achou melhor anunciar sua presença:
- Perez, tá ocupado? - disse, pondo a cara na oficina, onde antes ficava a cozinha do seu sócio.
Ainda com o celular na mão, Perez balançou negativamente a cabeça.
- O que foi? - quis saber, guardando o celular e procurando disfarçar que falava ainda há pouco.
- Vou levar os dois pra almoçar, você não quer ficar lá no balcão não?
Perez olhou para Prado com um meio sorriso: "Tá bom, 'chefe'", brincou.
- É isso aí, - prosseguiu Prado - e vê se faz direitinho senão desconto do seu salário no fim do mês. - terminou, com uma piscadela e apontando o dedo como uma arma para Perez.
*****
Prado estava acostumado a comer em restaurantes caros, mas já que a grana começava a ficar curta, levou seus dois funcionários num restaurante mediano mesmo. E conforme foram comendo, a conversa foi fluindo com mais facilidade e todos foram ficando mais à vontade. Era exatamente o que Prado planejava, pois sabia que um bom relacionamento com os funcionários era um dos principais responsáveis pelo sucesso de qualquer pessoa. Além disso, Júlia tinha um corpo bonito e seios maravilhosos. Não que estivesse pensando nisso, mas... bom, era uma possibilidade.
- Mas eu achei legal o nome da lan: Perez & Prado. - disse Júlia, interrompendo os pensamentos lascivos de Prado.
- Hum. E por que achou legal? - quis saber Prado.
- Ora, por causa do Perez Prado! - animou-se a jovem.
- Perez Prado...?
- Ah, não acredito! - indignou-se ela - Você não conhece Perez Prado?
- Não. Você conhece Rogério?
- Também não...
- Ah, Perez Prado, o "rei do mambo"! Nunca ouviram Caballo Negro, Tequila ou La Pantera Mambo?
Ambos, Prado e Rogério, continuaram com cara de "ué".
- É bom? - arriscou-se Prado.
- Nossa, é muito bom. Vocês têm de conhecer o "Noites Cubanas", a melhor casa de salsa, merengue e mambo que eu já fui.
- E pelo jeito você adora. - suspeitou Prado.
- Sim, eu gosto muito. Vocês deviam conhecer. Vale muito a pena.
- É, fiquei interessado... e aí, Rogério, você topa?
- Ah, pode ser. Parece bom. Podemos chamar o Perez também.
Nesse momento Prado lembrou-se da estranha conversa de Perez mais cedo ao celular. Achou melhor investigar. Terminaram o almoço e voltaram para a loja. Prado passou o restante do dia praticamente o tempo todo ao lado de Perez, procurando descobrir alguma informação sobre a tal Fashion Frame. Prado sabia que se tratava de uma boate, mas não conseguia imaginar o que Perez poderia procurar por lá. Será que seu sócio estava atrás de drogas? Estaria ele lidando com a morte da mãe por meio de substâncias alucinógenas e ilícitas? Como descobrir? Bom, só tinha um jeito, ir pessoalmente à tal boate.
*****
Quando a noite alta chegou, Prado foi para a tal boate. Nunca tinha ido até lá, o lugar não tinha muita fama. Parou o carro do outro lado da rua e ficou de campana. Frente à boate, dois seguranças recebiam os clientes. Havia uma única porta, grande, mas apenas com um dos lados abertos. O letreiro em neon acima da porta tinha letras grandes e coloridas e podia-se ler Fashion Frame, estilizado.
Não muito depois das onze horas, finalmente Prado percebeu Perez chegando junto com Miguel. A coisa começava a ficar ainda mais suspeita. Desceu do carro assim que eles entraram e foi para a entrada, não podia correr o risco de perdê-lo no meio da multidão que poderia haver lá dentro. Mas assim que passou pela porta e pelos seguranças, deu de cara com Perez e Miguel, junto a um balcão, onde uma das atendentes pegava o nome de cada um para entregar a comanda de consumo.
- O que você tá fazendo aqui? - perguntou Perez, espantado.
- Eu... hã... ah, saí pra dar uma volta, a Graziela tá trabalhando então eu vim sozinho... - mentiu Prado.
- Mas aqui?
- É, qual o problema? E você, também saiu pra dar uma espairecida?
- Não... - respondeu, com uma cara de rejeição - Vim resolver um assunto.
- Ah, legal. A gente pode aproveitar pra curtir então, já que estamos aqui...
- Não... - repetiu-se Perez, ainda com cara de contrariado.
Enfim, entraram. A boate não estava muito cheia, mas também não estava vazia. Ao lado direito havia um grande balcão com moças e rapazes servindo aos clientes. Bebidas com cores vivas e brilhantes, como verde limão e pink, pareciam ser as preferidas. À frente, mais para a esquerda, dezenas de pessoas se movimentavam na pista de dança. Luzes piscavam na parte de cima e podia se perceber um andar superior rodeando todo o salão onde, possivelmente, eram os camarotes. Ao lado da pista de dança, mais à esquerda, numa espécie de tubo enorme, uma garota seminua dançava ao sabor da música. Na mesma estrutura, mas no "segundo andar", era um jovem de corpo musculoso e roupa colada que se remexia ao ritmo da música eletrônica.
- Pô, até que é legal... - disse Prado, mas só depois percebeu que estava sozinho, seus dois "companheiros" já tinham se achegado junto ao balcão. Aproximou-se e tentou ouvir o que Prado e Miguel conversavam com um dos barman, mas para isso, teve de enfiar-se num pequeno espaço, empurrando com as costas o rapaz que o separava do seu sócio. Tentou prestar atenção, mas foi interrompido com um respirar pesado no seu pescoço, logo abaixo da orelha:
- Calma gato, não precisa empurrar...
A voz era rouca e grossa, embora o dono forçasse o máximo para afiná-la. Sabia que não era de uma mulher. Olhou para trás e o rapaz tinha um olhar malicioso.
- Hã... foi mal, desculpa...
- Não tem problema. Meu nome é Michael, e o seu?
- Eu me chamo Prado... Pedro Prado...
- Hum, e você é novo aqui, não? Nunca te vi e conheço a maioria das pessoas que vem aqui.
- É, não, é que, hã, eu só tô de companhia com ele... - apontou para Perez, que nem lhe dava atenção.
- Hum, que pena...
- Não... - riu nervosamente - nós somos sócios, é só negócios...
- Sei... - riu o rapaz, ainda mais malicioso.
- Tá, dá licença tá.
- Tem toda, gato.
Perez foi para o outro lado, e entrou logo à frente de Perez, empurrando um pouco Miguel.
- Cara, o que você veio fazer aqui, fala a verdade? Tem um cara me cantando aqui atrás, o que é isso?
- Claro que tem um cara te cantando, você esperava o quê, uma mulher? - respondeu Perez, impaciente, enquanto esperava pela volta do barman.
- Ué... lógico! E você, não?
- Então por que você veio numa balada gay?
Prado ficou sem reação por um momento. A Fashion Frame... era uma balada gay? Bom, fazia sentido. Mas isso quer dizer que Perez... óh, coitada da Ana quando descobrisse.
- Eu sei o que tá pensando... - disse Perez - e não é nada disso, eu vim aqui resolver uma coisa. E você? - perguntou, desconfiado.
- Tá, eu admito... eu tava te seguindo.
- Você tá ficando louco?
- Foi mal, mas eu pensei que você podia, sei lá... - não terminou, pois Miguel chamou por Perez.
- Vem, já sei em qual camarote ela tá. É lá em cima, onde fica o dinheiro.
- Prado, fica aqui e vê se não arruma nenhuma confusão. Não vai ter ataque de homofobia senão você morre aqui.
- Ataque de homofobia? - indignou-se - Se liga, não faço discriminação por alguém ser gay! - gritou enquanto Perez se afastava, guiado por Miguel. Ao seu lado, alguns rapazes olharam, com cara animada. Prado percebeu, tentou disfarçar e achou melhor apenas apontar para Perez e dizer "Eu tô com ele, tô com ele...".
*****
Já tinha quase meia-hora que Perez e Miguel haviam desaparecido. Prado estava no segundo drinque, achou melhor ir devagar, pois tinha de dirigir e não podia correr o risco de ficar simpático demais, não aqui, afinal, alguém podia interpretar errado sua simpatia. Se bem que, podia não ser de todo ruim... por exemplo, havia duas garotas numa mesa próxima que eram realmente bonitas. Uma loira de cabelos curtinhos, cheinha, mas não gorda, apenas não magra como essas modelos esqueléticas que se vê por aí e a outra, morena de cabelos cacheados, também um pouco mais cheinha do que as magrelas que Prado estava acostumado. Mas eram bonitas. Quem sabe não rolava alguma coisa entre os três? Humm... afinal, qual homem já não sonhara em pegar duas mulheres de uma vez? Hahahaha! Se esforçou para não cair na gargalhada, no momento em que as duas o notaram. Conseguiu se conter e deu um sorriso, levantando apenas uma das sobrancelhas. A resposta das duas foi um beijo molhado, que faria Prado corar, se não o deixasse tão excitado.
- Eu consigo ler sua mente... - alguém sussurrou ao seu lado, assustando-o. Virou-se e encontrou uma moça morena, não devia ter mais de trinta anos. Tinha os cabelos longos e lisos, seus olhos tinham uma luz que quase os fazia brilhar, ainda que fossem pretos. Vestia um bustiê trabalhado com alguns detalhes em vermelho e uma calça jeans com a cintura mais baixa que ele havia visto até agora. Ficou sem fala por um momento, apenas observando a linda jovem, sua cintura esguia e fina se alargava no quadril e a calça colada deixava isso ainda mais evidente.
- Ainda consigo ler sua mente... - provocou.
- Se pudesse ler a minha mente, você me daria um tapa... - brincou Prado - Ou me levaria pra um lugar mais reservado... - concluiu, reclinando-se e aproximando seu rosto do da garota.
- Hummm... Quer dançar? - convidou, colocando a mão no peito de Prado.
- Ei, espera... - respondeu, caindo em si - Acho que não vai rolar, eu só vim resolver um assunto com um amigo, não leve a mal, mas eu sou hetero e tal... você é mulher mesmo?
Ela riu. Uma gargalhada gostosa e zombeteira.
- Claro que sou mulher, gato. Posso te mostrar depois da dança, se quiser... - continuou provocando, puxando o pelo braço para a pista.
Prado sorriu.
- Nesse caso, acho que uma dança não vai fazer mal nenhum...
Foram para a pista, a garota dançava envolvida pela música. A batida eletrônica havia sido substituída por Into the Night, de Santana e Chad Kroeger. E Prado achou muito apropriado, afinal, a jovem parecia mesmo ter fogo em sua alma. Ele tentava acompanhar seu ritmo, mas ela era pura excitação. Ele não conseguia tirar os olhos dos seus seios, de sua cintura e de seu enorme, mas bem definido, traseiro. A calça era tão baixa que cada vez que ela virava de costas, ele quase conseguia ver o início de suas nádegas. E ela continuava provocando, colocava os braços sobre seu ombro, um de cada lado, fazia menção de beijá-lo e então, se virava de novo, esfregando seu corpo no dele.
De repente, o barulho de um tiro pôs todos em alerta. Seria mesmo o disparo de uma arma de fogo? Antes que alguém tivesse alguma reação, houve outro tiro, dessa vez estilhaçando um vidro de um dos camarotes no andar superior. E foi suficiente para que o salão virasse um pandemônio e as pessoas procurassem a saída, se empurrando e se atropelando. Prado ainda estava sem reação, preocupado com Perez. Notou que a garota também não se moveu logo. Depois fez uma cara de insatisfeita e foi em direção à escada de ferro que levava ao segundo andar.
- Espera! Onde você vai? - interpelou Prado, segurando-a pelo braço.
- Resolver um problema. - disse a garota, sem nem prestar atenção nele e desvencilhando-se dele.
Em seguida, ela subiu as escadas e Prado decidiu segui-la. No andar de cima, ao lado do espaço onde ficava o DJ, pôde ver Prado e Miguel. O segundo tinha uma arma, e dois seguranças estavam rendidos no chão. O vidro da sala do DJ havia sido estilhaçado com o tiro.
- Muito bem, venha para cá, bem devagar! - griou Miguel, apontando a arma para a moça. Prado estava bem atrás dela.
- O que vocês querem? Dinheiro? Está no cofre. É só pegar e ir embora. - gritou, sem se mover, a jovem.
- Não queremos o seu dinheiro, você sabe disso. - retrucou Perez.
A moça se aproximou. Estava há cerca de dois passos de Miguel, que mantinha a arma apontada. Perez tentava se aproximar, tinha uma pequena faca, um canivete parecia. Mas Prado não conseguia prestar atenção. A cena toda era surreal demais. Queria correr dali, mas tinha medo de levar um tiro do maluco com a arma.
- Cara, você tá ficando louco? - conseguiu dizer enfim, virando-se para Perez, que se aproximava com o canivete. Achou que ia extripar a moça.
- Prado, sai daqui, agora! - gritou Perez.
O momento de distração foi o suficiente para que, num movimento rápido e inesperado, a garota partisse para cima de Miguel, desviando sua mão do alvo e, com um golpe que parecia não conter força, jogá-lo contra a parede. Miguel bateu com as costas e caiu, derrubando a arma, e foi a vez da garota acertar um tapa com as costas da mão em Perez, que foi cair quase dentro da sala de som do DJ. Prado observava atônito, sem entender, espantado com a força da mulher. Ela apanhou a arma no chão, ignorou Miguel, ainda caído, mas tentando se levantar e foi até Perez, do outro lado. Agarrou-o pelo pescoço e levantou-o sobre sua cabeça, com apenas uma das mãos.
- Últimas palavras? - perguntou.
Perez não respondeu. Ao invés disso, deu uma cusparada de sangue na mulher, que gritou e deixou que ele escapasse de sua mão. O sangue parecia conter ácido, pois os gritos dela davam a impressão de que estava sentindo uma dor lancinante. Perez mal caiu no chão e já se levantou num pulo, agarrando a mulher que berrava. Esfregou-se no sangue no rosto dela e, de repente, a dor pareceu transferir-se para ele. Em poucos instantes a jovem estava desfalecida no chão e Perez arfava ao seu lado, como se começasse a se recuperar. Por um momento, Prado podia jurar que o sócio rosnava.
De repente, despertou do trase em que se encontrava com Miguel ajudando Perez a se levantar.
- Rápido, a polícia não vai demorar, temos de ir embora agora! - Prado não se mexeu - Vamos! - gritou e, só então, Prado voltou a si. Ajudou Miguel a carregar Perez, que parecia sem forças. Chegaram ao carro, Miguel apenas agradeceu e partiu. Prado ficou ali, sozinho, sem entender. Finalmente correu para o seu carro, entrou, deu a partida e acelerou o máximo que pôde, sem saber direito qual seu destino. Tudo que sabia é que Perez tinha muita coisa para explicar.